CAGAÇO
O grilo estava ali, achando bom
fazer dentro do lixo cantoria;
acústica legal, muita alegria,
mas, de repente, veio o detefon.
Veneno é coisa que intervém no
som...,
aquele rosto meigo que sorria,
agora, dá soluços de agonia,
fazendo seu cricri fora do tom.
Eu sou o mesmo grilo em forma humana,
cantando neste lixo ao qual me
abraço,
e o lixo, desse modo, em mim se
ufana.
Entanto, se por graça não me engraço,
que seja o detefon minha profana,
ignóbil conversão, pelo cagaço.
Marcos Satoru Kawanami