NADA
Não venhas me dizer que eu não te
disse,
pois nunca digo nada sem dizer,
e muito tenho dito sem querer,
ainda que da fala prescindisse.
A fala tem seu viço, e, se eu a
visse,
vibrantemente a iria descrever,
mas creio que o já faça ao escrever
com ledo esmero tanta cretinice.
Depois de expor o supra acima
exposto,
redundo este pleonasmo gracioso,
antítese antagônica do oposto.
A fim de finalmente, num raivoso
final de apoteótico bom gosto,
dizer-te que, no dito, estou ditoso.
Marcos Satoru Kawanami