PARÓDIA A “ROSA” DE PIXINGUINHA
Tu vais fazer o que em Marte?,
se lá é tão frio. O amor
de certo não existe
num planeta sem ardor
que vem a me fazer supor
que seja onde for
aqui na Terra tu estarás muito melhor.
Se Deus nos fez este ambiente
aqui tão coerente, divino,
pra que esculhambar assim a nossa Terra?
Teu coração lá será lacerado,
gelado e petrificado sobre a murcha flor
desse teu peito ateu.
Tu vais te encarcerar legal
naquela espacial colônia penal
do meu falido amor, subido(?) amor.
Tu vais levar muito mais longe a flor.
Tu vais fazer na Criação
rombuda expansão, chego a supor.
O riso, a fé, a dor
em Marte chegarão, mas não terão sabor
em vozes tão dolentes, seja como for.
És láctea estrela,
és Via-Láctea estrela,
és tudo enfim que tem cabelo
em todo despudor da santa natureza.
Perdão se ouso confessar-te:
eu hei de ir sempre a Marte!
Oh, flor, meu peito não consiste,
e tamanha inconsistência é triste
na vã promessa exorbitante
que vais um dia orbitar,
e orbitar naquele
tal lugar.
Fincar teu pé onipotente
em solo avermelhado, e a dor,
a dor é minha só por tua ingratidão.
Depois, se eu tiver paciência,
escrevo à Ciência
carta em que dissertarei meu parecer
do teu enlouquecer.
Marcos Satoru Kawanami